Mar Movediço
MAR MOVEDIÇO
Uma imensidão de dunas que rolam e quebram sobre si mesmas continuamente como ondas de maré variável, tragando os infelizes cujos pés porventura toquem sua superfície. A intensidade de sua fúria é influenciada pelas Luas do mundo de If, incluindo a Lua Errante.
Por vezes serenas, outras terrivelmente violentas: assim são suas ondas, como ocorre com os oceanos.
Inclemente e terrível, o Mar Movediço se impõe como senhor absoluto até onde seus olhos podem ver. Este perigoso território consiste num deserto de areia movediça de intenso e permanente movimento, interrompido em alguns pontos por montanhas e plataformas rochosas avermelhadas, bem como geódias.
Uma criatura que pise em sua superfície começará a afundar rapidamente da mesma forma como se houvesse pisado em areia movediça – daí o nome do lugar. Os seus residentes aprenderam através de dolorosas tentativas e erros a construir brisanaves capazes de navegar através do deserto com relativa segurança, aproveitando-se da força eólica.
Criaturas do Mar Movediço
Com uma geografia tão peculiar, as criaturas que cá habitam não poderiam ser diferentes. A fauna e flora são extremamente adaptadas e endêmicas. Há uma série de espécies de arixes que sobrevivem apenas aqui. Um arixe é um tipo de “peixe-voador” capaz de nadar através do ar e que flutua naturalmente. Isso parece, no entanto, uma habilidade decorrente da interação do animal com o mar movediço, uma vez que quando removidos para outros habitats, eles caem inertes no chão, tal qual um peixe tirado do oceano. Trata-se de uma capacidade magnética dos corpos das criaturas constantemente repelindo a carga magnética oposta da superfície do mar movediço.
A constante fricção dos grãos de areia uns contra os outros torna o terreno carregado magneticamente.
Ao manipular pequenas correntes de eletricidade que percorrem seus corpos, os arixes seriam capazes de controlar a força de repelência magnética contra o solo, aumentando e diminuindo sua altitude, bem como se propelindo a frente. Uma grande quantidade de arixes são animais predadores vorazes com corpos fusiformes que garantem sua aerodinâmica, embora muitos outros formatos estranhos existam em espécies particulares. A maioria deles é pequena e se alimenta de outros arixes menores, contudo existem caçadores maiores que apresentam um grande perigo até mesmo a humanos que tenham o azar de cruzar seu caminho.
Alguns tipos de monstros arixes:
– Makir: seu corpo é um disco circular fino cuja borda é toda coberta por dentes afiados de pontas ocas. Usam seu magnetismo para se aderirem a superfície das ondas até detectarem a presença de alguma presa em potencial. Quando isso ocorre, começam a flutuar e girar até se propelir em grande velocidade na direção da vítima. Ao atingí-la, permanecerão fincados e usarão seus dentes ocos para sugar seu sangue. Ao sentirem-se satisfeitos, girarão rapidamente para se desprender e fugir do local.
– Spearish: criatura similar a um peixe espada, mas com uma mandíbula repleta de dentes afiados. Sua estratégia de ataque é voar em grande velocidade e perfurar a presa com a lança óssea de seu focinho. Ao cair indefesa, o Spearish a devorará.
Clima
Um tipo de fenômeno metereológico endêmico do Mar Movediço extremamente temido é a tempestade elétrica. A fricção contínua dos grãos de areia uns contra os outros cria uma grande quantidade de eletricidade estática. Quando ela se torna excessiva, uma tempestade elétrica se inicia, com raios que partem das ondas de areia em direção aos céus. Os arixes são capazes de sentir a aproximação dessas tempestades e costumam se abrigar antes da chegada delas. É altamente desaconselhável navegar brisanaves durante esses eventos climáticos terríveis.
Habitantes do Mar Movediço
Flotis de Ta Kak
Enquanto os Flotis de Kau Kiek vivem vidas tranquilas entre as altas árvores de troncos púrpuras, os seus primos do Mar Movediço existem num lugar de desafios titânicos em Ta Kak, o grande monte rochoso cujos túneis lhes servem de fortaleza. Ta Kak é o lar perfeito em meio a um ambiente tão hostil, já que suas robustas paredes pétreas protegem contra o calor e tempestades de areia do exterior, além de seu subsolo dar acesso a um aquífero que provê água fresca a esses pequenos valentes. Os Flotis de Ta Kak apresentam um comportamento muito mais ousado e agressivo que seus equivalentes das florestas, pois é impossível sobreviver ao Mar Movediço sem cicatrizes – tanto físicas quanto psicológicas. Ta Kak fora em tempos passados uma antiga fortaleza de um clã de Zards, o que explica a face serpentiforme esculpida na fronte da montanha.
A alimentação deles é baseada no cultivo de hortas verticais de giganozes (trepadeiras que desenvolvem nozes de tamanho muito grande), assim como arixes capturados por pescadores – embora ser um pescador no Mar Movediço seja infinitamente diferente do sentido habitual dessa profissão(e ainda mais perigoso). Também criam Dangos, galináceos gordos cuja carne e ovos são ótimas fontes protéicas. Estes animais devoram os besouros e insetos que vivem no interior da montanha, o que também os tornam muito úteis.
Urbe errante de Kelonia
Em meio as marés arenosas do Mar Movediço, uma criatura titânica desliza com a serenidade de uma pequena canoa. Seu casco colorido gigantesco contrasta com a aridez desértica ao seu redor. Trata-se de Keloi, o pacífico: um tarragorn anômalo e totalmente não destrutivo, que vive filtrando as areias em busca de nutrientes, geódias e arixes. Ele navega através da superfície do Mar Mocediço e nunca mergulha.
Sobre o seu casco crescem geódias tubares de grandes proporções, que são utilizadas como moradia pelos habitantes da urbe errante de Kelonia, a “cidade” nômade. Alguns de seus residentes são permanentes, enquanto outra parte de sua população é flutuante. Este último grupo é composto de viajantes, romeiros, contrabandistas e procurados de todas as espécies, tornando este um local de fascinante diversidade e aventura.
Algumas tubares menores crescem a partir da borda do casco de Keloi para baixo, em direção a superfície do mar movediço. Elas são ocupadas pelos párias de Kelonia, principalmente aqueles que não desejam ser localizados ou buscam isolamento. Esse “distrito” inferior é chamado de “As subtubas” e é recomendado não explorá-lo, já que seus moradores são perigosos e as ondas de areia se chocam contra suas tubares e pontes de corda suspensas entre elas.
Saqueadores do Mar Movediço
Insanos assaltantes rondam o mar movediço a bordo de brisanaves de todos os tipos, desde as menores até verdadeiras balsas de guerra com dezenas de tripulantes a bordo. A mais famosa e temida delas é certamente o Motor da Tormenta, uma imensa brisanave movida por um dínamo eólico que armazena a energia gerada pelo vento em uma gema de arcanium que gira imensas pás que propulsionam a nau, além das tradicionais velas de tecido.
Seu atual senhor é o Capitão Trivast, um magibruto de 3 braços com uma órtese feita da mandíbula de um animal, que substitui a metade da arcada inferior que ele perdeu em batalha anos atrás.
Expedição Tarkal
Irrompendo das marés granulares, um estranho veículo fusiforme surge. Ele comporta uma tripulação expedicionária de Tarkal, que parece estar em busca de algo dentro do perímetro do mar movediço. O veículo em si se parece muito mais com um submarino do que com uma brisanave, o que causa espanto e admiração em quem testemunha tal aparato emergindo da areia.
Alguns dizem se tratar apenas de uma expedição geográfica, já que os Tarkal são famosos por suas mentes científicas e foco em adqurir novas informações, bem como estudá-las e catalogá-las. Outros suspeitam que eles estão em busca de algum desconhecido artefato de suma importância estratégica, talvez de origem zard.
Geódias
Copares
O Mar Movediço possui geódias chamadas “copares” (singular “copar”) que se fixam no substrato rochoso abaixo do oceano de areia e crescem projetando-se dezenas de metros acima de sua superfície, onde elas desenvolvem uma copa de topo quase retilíneo, o que as torna plataformas naturais de salto para os intrépidos Flotis que cá habitam. Algumas delas são interligadas por pontes, que algumas vezes são destruídas por tempestades de areia.
Algumas vezes elas crescem perfurando o lençol freático e acabam conduzindo água até suas copas, tornando-as verdadeiros oásis para os habitantes do Mar Movediço.
Zíngara
Um tipo curioso de géodia que consiste numa forma esférica cuja superfície apresenta belos padrões geométricos. Elas não se fixam em nenhum substrato e se deixam rolar ao sabor das marés de areia, se nutrindo dos minérios presentes nela. Elas afundam e emergem constantemente, podendo ser utilizadas como boias salva-vidas para aventureiros azarados que porventura caiam na superfície do mar movediço – mas apenas por um curto período de tempo, até que elas submerjam novamente.