Origem do Mundo
A ORIGEM DE GLITCH MUNDI
Há histórias que começam pelo seu princípio e outras que começam pelo seu próprio fim. No caso de Glitch Mundi, sua história se inicia pelo fim de uma anterior a si. Um universo totalmente diferente ocupava o espaço que hoje é ocupado por este mundo tão peculiar. Há uma constante existencial: todas as coisas morrem, algumas muito mais rápido do que outras, é claro. Até as estrelas tem um limite para sua longevidade e universos não escapam a essa regra.
E aquela criação tão antiga e cansada estava prestes a desabar sobre o peso de sua própria idade. Os ossos da realidade já estavam frágeis e desgastados. Fraturas inevitáveis surgiram no firmamento, o ciclo das estações apresentava seus estertores finais. A conexão entre os deuses e seus sacerdotes foi tornando-se fraca e intermitente. As próprias divindades compartilhavam da agonia final do universo que habitavam, não mais demonstrando onipotência, mas medo e apatia. O fim era iminente. Contudo, haviam aqueles inconformados em assistir passivamente ao fim de tudo que há. E dentre eles, um seleto grupo detentor de poderes fenomenais, capaz de realizar feitos inatingíveis. Esta extraordinária equipe foi amparada pelo Último Conclave, composto das maiores mentes e mais poderosos arcanistas do planeta.
O grupo então foi capaz de obter a Cápsula Primordial, o potencial criador do devir de uma nova existência ainda não nascida em meio ao vácuo, com a esperança de usá-la para restaurar a vitalidade de seu próprio universo moribundo. Munidos de tal incompreensível dádiva, um ritual arcano sem precedentes foi orquestrado pelo último conclave, utilizando como força motriz todo o poder mágico de um círculo de milhares de conjuradores, resultando em um único encantamento épico que permitiu ao autômato titânico Terminus romper o invólucro da cápsula primordial, liberando todo o poder concentrado de um universo em nascimento dentro de sua própria existência agonizante. Em tese, o feitiço também permitiria que o universo antigo restaurasse sua plena vitalidade, drenando o potencial infinito da cápsula, entretanto isso não ocorreu. A última esperança de todos os seres viventes falhou.
Silêncio. Fulgor.
Os próprios deuses se estilhaçaram em aspectos de seus arquétipos originais. O mundo material, os planos além e o tempo-espaço foram varridos por uma força inédita, embaralhando e aglutinando a matéria do universo antigo em processo de morte ao potencial ilimitado do universo em nascimento. Ao fim da expansão incalculável, a antiga existência não morreu e uma nova não nasceu, mas tudo aquilo que havia se transformou em algo totalmente novo. A trama da tapeçaria do destino tornou-se um novelo emaranhado e caótico. Agora tudo que há é o universo de Glitch Mundi, com suas paisagens impossíveis e fenômenos (considerados) naturais, que são, na verdade, fruto de anomalias e falhas na reedição da existência durante o turbilhão de gênese da cápsula primordial se fundindo ao antigo universo.
Sejam bem-vindos ao planeta de If. O impossível está a apenas alguns passos de distância.